A prostituta, o matador e Lúcifer
Era uma noite como outra qualquer, dava para sentir o vento gelado que parecia ir e voltar constantemente passando entre as cortinas brancas da sala. Durante um intervalo do programa de tv, o telefone toca:
-Alô, eu vi um anuncio de uma linda mulher ruiva na internet...
- Sim, sou eu, meu nome é Keith
Keith era apenas um nome disfarçado para manter a verdadeira vida social de Samanta longe de seu trabalho. Keith realmente era muito bela, com um corpo que atraia olhares por onde quer que ela passasse, ela tinha 27 anos, mas aparentava 18, além de vários atributos que a favorecia, Keith tinha um sotaque levemente italiano, apesar de ser canadense.
Aquela era a terceira ligação daquela noite, diferente das outras, Keith não iria recusar essa ligação.
-Bom, dei uma bela olhada em suas fotos da internet, estou sozinho à vários meses e, bem... pensei em ter uma boa noite com você.
-Irei ser sincera, tenho uma divida alta, então meu cachê é um pouco elevado.
-Isso não será nenhum problema, tenho uma empresa com afiliais em diversos estados.
-Nossa, um homem de negócios, isso me atrai bastante. Mas tenho uma condição, por motivo de privacidade e segurança, não poderá ser em minha casa e nem na sua, terá que ser em um motel de minha escolha.
O homem do outro lado da linha suspirou, pensou por alguns instantes e concordou.
-Ok, diga onde será que a gente se encontra lá.
O esquema deles era relativamente simples, Carlos e Fernanda davam entrada normalmente no motel como um casal comum. Depois o cliente ligava informando que já estava no quarto e ela ia até lá sozinha como se estivesse acabado de chegar.
-Nossa, você é muito bela, ainda mais bonita pessoalmente.
-Obrigada, me espera só um instante, irei me preparar para você.
Keith foi então para o banheiro, com um andar sensual e provocador, tomou uma ducha, vestiu sua lingerie branca que embelezava ainda mais suas curvas. Após sair do banheiro, Keith serviu wisky e pediu que o rapaz fechasse os olhos, foi então que ela começou uma massagem leve, partindo de seus ombros, então começaram toda a festa.
Com o ardente desejo carnal saciado, Keith continuou deitada na cama enquanto ele acendia um cigarro e contemplava, através do espelho, a bela ruiva, ele então falou um pouco sobre ele, e de como era infeliz no casamento, falou de seus negócios bem sucedidos e de seus clientes por todo o país. Ele então foi para o banheiro.
Aproveitando este momento, Keith simulou que estava fazendo um pedido para a recepção, por isso que quando bateram na porta, ele não estranhou.
Martins já entrou com a arma em punho. Instintivamente o homem se encostou na parede, ainda atordoado em entender o que estava acontecendo.
-Faça exatamente o que eu mandar filho da puta! Só quero o dinheiro.
-Por favor, pelo amor de Deus, não me mate, tenho esposa e filhos - Falou o homem em tom de desespero.
-Qual seu nome filho da puta?
-Err... meu nome? - Falou em tom nervoso - É Joseph...
-Você trabalha em que?
-Sou empresário.
- Olhe Joseph, vou colocar as coisas de forma que você entenda. Encare isso como um negócio qualquer, minha meta é dinheiro. A sua meta é ficar vivo. Se colaborar tudo vai acabar logo e ficamos todos felizes. Estamos entendidos? Posso contar com você?
- Si.. sim.. – gaguejou o homem que parecia prestes a chorar.
- Agora vista suas roupas. Vamos dar um passeio – falou Matias com a voz branda enquanto empurrava com o pé as calças que estavam no chão.
Desceram e passaram pela a recepção como se nada estivesse acontecendo, primeiro Martins, logo em seguida do casal. Foram para a garagem onde amordaçaram e amarraram o empresário, depois o colocaram no porta-malas do carro de vidros escuros. Aumentaram o volume da musica e começaram a planejar o que iriam fazer.
-Martins, acho que ele tem muita grana, acho que devemos ficar um pouco com ele.
-Não! vamos fazer como sempre fizemos, vamos arrancar o que for possível e depois o eliminamos de forma rápida e limpa.
-Não estou pedido para mudar o plano, só acho que iremos conseguir mais com ele vivo por alguns dias.
-Até parece que não temos grana suficiente pra parar, acho que já acabei com uns trinca sujeitos como ele.
-É, é verdade, somos muito bons no que fazemos.
-Não somos apenas bons, somos profissionais - disse Martins com um sorriso no canto da boca e um olhar fixo nela.
Chegaram em um sítio isolado, no meio do nada...
Colocaram Joseph em um quarto.
-Por favor, peque meu dinheiro, mas não me matem.
- Não se preocupe, fique quieto, não vamos te matar.
- Esta vendo esse lap top? é hora de transferir todo esse dinheiro que você tanto falou que tinha - Disse Keith.
Com as mãos trêmulas o homem acessou uma de suas contas bancárias, fazendo os olhos de Matias e Fernanda brilharem ao ver o saldo superior a cinco milhões de reais.
- Puta merda! Este cara é milionário mesmo... – disse Martins não disfarçando o espanto.
- Posso lhe dar muito dinheiro. Eu lhe imploro.
O homem havia se jogado novamente aos pés de Martins, que estava relaxado por já ter visto a cena antes e ainda estar meio abobalhado com a fortuna do sujeito.
Tudo aconteceu numa fração de segundo. Num movimento rápido o homem levantou-se bruscamente atingindo o queixo de Martins com a própria cabeça. Martins ouviu um barulho seco e sentiu a dor antes mesmo de entender o que estava acontecendo, pois num golpe ágil o homem havia quebrado sua mão e agora era ele quem empunhava a arma.
Quando Martins acordou, sua mente levou alguns segundos para entender o que estava acontecendo. Percebeu que estava amarrado ao lado de Keith, ambos deitados no chão. Ela chorava e se debatia em desespero. Sentado em uma cadeira à frente deles Joseph fumava calmamente um cigarro. Sua expressão era de relaxamento.
Olhando para eles entre uma baforada e outra, Joseph falou enquanto preparava o celular para tirar algumas fotos:
- Não vou mentir. Tenho que matar vocês e não vai ser rápido, temo que será lento e extremamente doloroso... A propósito Martins, tenho que lhe dar os parabéns pelo lugar que escolheu. Vou poder trabalhar com calma sem ser incomodado.
Martins havia sido competente mesmo, pois ele e Keith gritaram de dor e pediram socorro durante a noite inteira sem que ninguém ouvisse.
Três dias depois:
*-Kelowna city-*
- Dr. Rubens, tem um homem na recepção que informa ter hora marcada, mas não quer se identificar – informava a secretária.
- Pode pedir para ele entrar.
Dentro do escritório, sentado em um sofá o mega empresário abria o envelope que o homem entregara. Olhando as fotos de dois corpos estraçalhados, perguntou:
- Eles sofreram por muito tempo como eu pedi?
- Sim. A noite toda – respondeu o homem.
- Ótimo. Isso não vai trazer meu filho de volta, mas pelo menos tiveram o que mereciam.
- Ficou satisfeito com meus serviços?
- Sim, só mesmo você para conseguir achá-los, para outro seria um ato quase impossível. Eu sei bem o que estou dizendo, pois botei muita gente atrás destes malditos por muitos anos sem nenhum resultado.
O homem apenas sorriu e completou:
- Obrigado! Aguardo meu pagamento na data combinada.
- Pode ter certeza disso, sou um homem de palavra.
- Então acho que não temos mais nada a tratar. Desejo-lhe sucesso e se precisar novamente dos meus serviços você sabe como me encontrar.
Despediram-se sem maiores cerimônias, enquanto o velho empresário desejava sinceramente nunca mais precisar dos serviços do homem que se afastava, que atualmente atendia por Joseph killer, mas que poucos sabiam o nome verdadeiro. O homem que todos tinham medo e respeitavam. O homem que nos altos escalões do poder era conhecido como "O Matador".
O velho empresário era um dos poucos que o conhecia há muitos anos, ele foi peça fundamental em sua ascensão, lhe ajudou a criar um verdadeiro império partindo da miséria.
Apesar de se conhecerem a muitos anos, o velho tinha medo do dia que teria que cumprir os pagamentos, porque este homem era implacável, e ele não tinha apenas um nome, tinha vários... mas o nome que ele preferia ser chamado pelos íntimos era simplesmente: Lúcifer.
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